domingo, 17 de junho de 2012

A loucura me fascina

A loucura me encanta de uma forma louca, sobretudo essa que costumeiramente culmina em internação. Sim, porque conheço loucos que escutam voz no mar, sentem cheiro no sol, chegam até a falar para um outro imaginário, sozinhos em seu quarto! Mas trabalham e pagam contas sistematicamente e não acho provável que sejam internados. Acho encantador também (às vezes) a desorganização, a paranóia, os delírios do cotidiano. Mas aquela outra “modalidade” de loucura (a que parece mais com os manuais de psicopatologia) tem uma sensibilidade, uma vagueza, uma tendência a tranqüilidade que me tocam. Desejo e fala parecem mais próximos, as crenças parecem mais pulsantes, fronteiras temporais parecem superáveis (se houverem), a vida parece não ser tão acelerada, olhar parece mais com comunicação, a criatividade parece escorrer na forma de outros mundos possíveis a cada instante. Não, não quero mudar de loucura, não quero romantizar as loucuras tanto, às vezes eu me confundo com algumas comparações mas, sinceramente, eu gosto dessa minha loucura que dialoga criativamente com a sensatez. Talvez fosse difícil explicar de modo acessível a maioria os pensamentos e sentimentos todos, sendo “louca-cid”. E não compreender aterroriza as pessoas, elas podiam querer me tirar de circulação. E eu gosto de me comunicar, e ainda faz sentido fazê-lo, mas é mais que encanto, algumas loucuras me inspiram.

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