domingo, 17 de junho de 2012

“Doutor, me dá água”

Nem verossimilhança, nem estatística bastam para conferir credibilidade ao que um louco diz, muito menos se ele pede água ao médico dentro de um hospital psiquiátrico. Vazio de resposta. Silêncio. Passos pra longe, coitado! Vai que era defesa (dele), vai que era algo recalcado (nele), vai que a mãe não deu água (a ele), sei lá...fato é que ele não deu água, não deu retorno, não deu explicação de falta d’água, não deu nem uma olhada para vê se havia sinais de desidratação. (Se houvesse ele dava até soro. Ele é médico clínico, não é médico de nhenhenhém). A louca queria água. Há quem diga que era atenção que ela queria, acho que ela demonstra assim bastante coerência. E vontade de ter atenção parece com vontade de vínculo, e não é pedido absurdo. Mas talvez fosse sede. Sede de dignidade, reconhecimento, presença, mas se ela comeu coisa salgada no almoço? E se era “só” sede? O doutor não deu água, eu também não. Não sabia onde tinha, e no meio de tanta elocubração nem pensei em procurar um bebedouro. Mas quem quiser analisar, analise! (Agora quem quer água sou eu!) nesse dia, sem perceber, eu parei em todos os filtros e bebi muita água!

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